Unserdeutsch
– a única língua crioula com base no alemão
Há mais
de um século os alunos de uma missão no Mar do Sul inventaram o Unserdeutsch
19.
Fevereiro 2016
„Du geht wo, Du essen
was?“ (Tu vai
onde, tu o que comer?) Quem fala alemão provavelmente entende esta pergunta,
embora em termos gramaticais a construção seja meio capenga. Mas se trata mesmo
de alemão, ou melhor, do Unserdeutsch, uma língua crioula ameaçada de extinção.
Língua crioula é definida como uma língua derivada de várias outras.
Unserdeutsch é hoje falada apenas por menos de 100 pessoas na maioria idosas em
Papua-Nova Guiné. Ela é a única língua crioula com base no alemão
existente no mundo. Diferente das outras línguas crioulas que surgiram em
contextos comerciais em plantações ou portos, Unserdeutsch é o resultado de uma
linguagem secreta desenvolvida por alunos de uma missão durante o período
colonial alemão
em Papua-Nova Guiné por volta de 1900.
As mães dos alunos pertenciam a uma das tribos
locais e os pais eram funcionários alemães na colônia, marinheiros australianos
ou trabalhadores nômades da China. Na missão católica Coração de Jesus em
Vunapope, próxima da atual capital de província Kokopo, as freiras ensinavam
aos alunos o alto-alemão. Fora da escola os alunos misturavam o alemão que
aprendiam nas aulas com a língua de seus pais, criando assim o Unserdeutsch.
Transformaram “Um drei Uhr hole ich dich ab“ (Às três horas eu venho lhe
buscar) em „Drei Uhr i komm aufpicken du“. O “i” é uma mistura do “ich” alemão e
do “I“ inglês, e as crianças simplificaram o uso dos artigos reduzindo-os a
“der” ou “de”.
Descoberto somente nos anos 1970
Nos anos 1970, o prof. dr. Craig Volker, da
Universidade Divine Word em Madang (Papua-Nova Guiné), descobriu o Unserdeutsch
por acaso. Junto com dois outros linguistas da Universidade de Augsburgo, prof.
dr. Péter Maitz e prof. dr. Werner König, ele pesquisa essa linguagem mais a
fundo. Em um projeto com duração de três anos eles documentam, descrevem
sistematicamente a estrutura e reconstroem a história e o surgimento dessa
língua ameaçada. O projeto dotado com 367 mil euros tem apoio da Sociedade
Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG). ”Quando se fala alemão, é fácil entender o
Unserdeutsch, porque o vocabulário em grande parte é o mesmo”, diz Maitz.
Dia Internacional da Língua Materna em 21 de
fevereiro de 2016
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